Thiago Silva é verdadeiro: a vontade de um dia vestir a camisa do Barcelona
existe. No entanto, ainda não é algo concreto. Muito menos uma
necessidade. O zagueiro não tem do que reclamar da temporada 2012/2013.
Ao puxar pela memória, irá recordar as conquistas do Campeonato Francês
pelo PSG e da Copa das Confederações pela seleção brasileira em um palco
que pode chamar de lar, o Maracanã. Títulos que foram sonhados nos
tempos ainda de criança, no interior do Rio de Janeiro, e que agora são
desfrutados nas férias em Florianópolis, aos 28 anos. Uma boa fase da
vida, que deixa o capitão da Seleção feliz, mas ainda sedento por mais
troféus em sua galeria.
Prestigiado na Europa e considerado um dos melhores da posição em que
atua, Thiago Silva mais uma vez se vê assediado e envolvido em
especulações que o ligam ao Barcelona. Depois de deixar o Milan e
realizar uma temporada de sucesso com o PSG, a decisão de ir ou não para
a Espanha fica ao critério de seu empresário Paulo Tonietto e também
do destino. O zagueiro está feliz na França.
— Ano passado teve especulação e conversas com o Barcelona e
infelizmente não prosseguiram. Esse ano não chegou nada, mas minha
cabeça está muito tranquila em relação a essa coisa de transferência.
Jogar no Barcelona é um sonho de qualquer jogador, mas no momento eu
também estou feliz no PSG — conta.
O sentimento também não poderia ser diferente. Satisfeito com o que fez
no clube, Thiago Silva está esperançoso daquilo que pode vir com a
seleção brasileira, em uma projeção para a Copa do Mundo de 2014. Depois
de superar a desconfiança do torcedor, adquirir uma notável evolução no
conjunto e ainda conquistar a Copa das Confederações com uma vitória
por 3 a 0 sobre a Espanha, o capitão enxerga uma Seleção mais forte.
Diante deste cenário, a previsão é a de continuidade no trabalho que tem
feito.
De férias para aproveitar as belezas da Ilha da Magia catarinense, onde
tem investimentos em imóveis, Thiago Silva quer deixar o futebol de
lado nos próximos dias. A família e também os amigos serão o foco em vez
dos atacantes rivais. O momento é para a tranquilidade e boas
recordações de um passado fresco na memória e de consolidação para uma
temporada que promete ser ainda mais promissora.
Thiago Silva conversou com o GLOBOESPORTE.COM sobre os
bastidores da conquista da Seleção, a conversa ao pé do ouvido com o
meia Oscar antes da final diante da Espanha, o retorno vitorioso ao
Maracanã depois de defender as cores do Fluminense, e também a respeito
da pressão sobre o grupo da Seleção.
No futuro, ao olhar para a temporada 2012/2013 como você a classificará?
Estou realizado, (com sensação) de dever cumprido. Consegui terminar a
temporada de uma forma legal e vitoriosa, da maneira como nós queríamos.
Agora quero relaxar, curtir a família e esquecer um pouquinho o
futebol, normalmente fico dez ou onze meses pensando somente nisso.
E escolheu Florianópolis para aproveitar os primeiros dias de férias, por qual motivo?
Na verdade, o meu ano praticamente sempre termina em Florianópolis.
Quando acaba a temporada eu venho para ficar dois ou três dias para
relaxar. O meu agente é daqui. Eu tenho alguns investimentos e é
importante estar acompanhando de alguma forma. É uma cidade onde me
sinto à vontade, sempre fui muito bem recebido aqui.
Até mesmo pelos torcedores do Figueirense? (Thiago Silva jogava pelo Fluminense quando o clube carioca derrotou o Figueira na decisão da Copa do Brasil em 2007)
Até mesmo pelos torcedores do Figueira. Sempre que ando pelas ruas as
pessoas me reconhecem e me dão os parabéns pelo trabalho. Aqui me sinto
em casa, posso dizer que é a minha segunda casa, a primeira é no Rio.Como está o seu pensamento para a próxima temporada? Tem proposta do Barcelona ou ainda não chegou algo concreto?
Eu sempre disse para ele (Paulo Tonietto, agente) não me passar nada
enquanto não tiver nada de concreto. Principalmente quando tiver
competição em andamento, isso fica na minha cabeça, martelando e em
alguns momentos isso me atrapalha. A gente tem essa relação muito legal,
se ele não me passou nada, é que não teve nada de concreto. Ano passado
teve especulação e conversas com o Barcelona e infelizmente não
prosseguiram. Esse ano não chegou nada, mas minha cabeça esta muito
tranquila em relação a essas coisas de transferências.
Existe um desejo de jogar no Barcelona?
Jogar no Barcelona é um sonho de qualquer jogador, mas no momento eu
também estou feliz no PSG. Meu desejo sempre foi jogar na Europa e em um
grande clube. E graças a Deus tudo que sonhei na minha vida, pessoal e
profissional, eu consegui conquistar, pois eu lutei para chegar até lá.
O que falta para você na carreira, depois de erguer a taça no Maracanã?
Posso dizer que sou um cara realizado, mas ainda faltam alguns sonhos,
como vencer a Champions League e a Copa do Mundo no ano que vem, esses
com certeza ainda vou correr atrás para conseguir.
Como foi voltar ao Maracanã e conquistar o título em um estádio que você conhece tão bem?
Foi uma das melhores sensações da minha vida. No Maracanão eu tenho uma
história muito importante. Ali dentro foi onde tudo recomeçou para mim,
ao retornar ao Fluminense. Foram muitas vitórias ali e poucos momentos
tristes, mas que serviram para que eu pudesse crescer. Não poderia ter
sido melhor.
Ser capitão não deve ter sido fácil, ainda mais com a pressão
de atuar dentro do Brasil. Como você lida com isso e de que forma
passava experiência para o grupo?
No aquecimento, dentro do jogo eu tento passar confiança para os
companheiros. Na final eu falei para o Oscar: "cara, você pode ser o
pior do nosso time hoje, mas eu vou ter orgulho de correr por você, pois
eu sei a pessoa que você é”. Ele me respondeu: "Poxa meu irmão,
obrigado, vou tentar fazer de tudo para a gente sair campeão”. E ele fez
um bom jogo, como fez uma grande Copa das Confederações, mas as pessoas
observam muito a parte técnica e não a parte tática. Com o Hulk foi a
mesma maneira. Ali dentro, sabemos a importância que cada um tem. Na
rodinha, para ir para o jogo, eu passo um pouco da minha experiência,
daquilo que eu gostaria que a gente fizesse dentro do jogo.
E como é este grupo? Na final foi possível perceber uma solidariedade, uma entrega, muito grande na marcação.
O legal de tudo é que todo mundo pensa a mesma coisa. Em função da
marcação que a gente tem feito, isso é importante, pois começa do Fred,
do Neymar e do Oscar também. Isso facilita muito o meu trabalho e do
David também. Tem um comprometimento muito grande e isso acaba trazendo o
torcedor mais um pouco para o nosso lado. Acho que conseguimos fazer
isso também.
O que pensou ao ver o Pedro na cara do Julio Cesar e o David Luiz tirar aquela bola sobre a linha, ainda no primeiro tempo?
Eu posso te dizer que vi a bola dentro do gol, em função de ter caído
no pé do Pedro, pois a qualidade dele é inigualável, ainda mais por ser
cara a cara. Eu nem sequer vi a bola, só fui ver quando ela subiu. Aí é
que fui ter noção da importância daquele movimento que o David (Luiz)
fez. Se a gente sofre o gol ficaria mais difícil. No momento daquele
lance, parecia que tinha sido um gol nosso, foi como se a gente tivesse
feito dois a zero, pela forma que a torcida gritou.
Ao apito final do árbitro holandês, qual o sentimento ao voltar
ao vestiário com o título e o dever cumprido depois de tantos
questionamentos?
Todos nós tiramos um grande peso. Era uma grande pressão que nós
estávamos sofrendo, e quando você sai de campo com o dever cumprido,
vitoriosos, a tendência é chegar, sentar e falar: "Caramba,
conseguimos". Eu realmente sentia essa pressão, mas não podia passar
isso para o restante do grupo. O que eu passava era tranquilidade e
confiança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário