Demorou. Foram cerca de nove meses de dúvidas sobre o futuro de Paulo Henrique Ganso. O ex-maestro santista conseguiria recuperar a carreira no São Paulo? Bastou Muricy Ramalho chegar, e a resposta já tende para o sim. Depois da boa atuação e do golaço marcado contra o Náutico
o meio-campista se firma como o principal jogador na evolução do
Tricolor no Campeonato Brasileiro e resgata parte do prestígio perdido
com as seguidas lesões.
Desde a volta ao clube, no início de setembro, Muricy fez questão de
destacar que contava com Ganso para fazer a equipe subir de produção. O
meia, na época dividindo a função de “cérebro” com Jadson, contou com a
má fase do companheiro para se fixar como o principal articulador,
condição semelhante à que viveu com o técnico no Santos.
Tudo passa pelos pés do camisa 8. Os números mostram a precisão dele
nesse quesito armação. Em 23 partidas que disputou no Brasileirão, ele
deu 735 passes, sendo 642 certos e apenas 39 errados. Mais tempo com a
bola significa também um maior combate dos adversários. Foram 59 faltas
sofridas até agora, sendo líder absoluto nesse quesito no Tricolor.
Ganso ficou mais participativo. O tempo de apenas olhar o rival, que
muitas vezes irritou a torcida, parece ter acabado. Muricy cobra que o
meia aperte a marcação e, pelo menos, acompanhe os defensores contrários
que tentam sair de trás. Por conta disso, alcançou 30 roubadas de bola e
seis desarmes.
- Ele está subindo de produção porque tinha de jogar mais do que estava
jogando. Claro que muda um pouco o posicionamento, mas não tem milagre.
A parte física melhorou muito. Se medir a quilometragem, ele está
correndo cada vez mais, está participando mais, roubando bolas. Ele sabe
jogar, e eu o deixo à vontade para criar – afirmou o treinador.
O meia melhorou também em sua principal característica: as
assistências. Antes de Muricy, ele havia feito apenas um passe para gol –
diante do Fluminense, no Morumbi. Desde a chegada do treinador, foram
outros três – um contra a Ponte Preta e dois frente ao Vitória. É bem
verdade que o ataque não colabora para o número ser ainda maior. Todas
as opções do setor vivem má fase.
Apesar de ter evoluído recentemente, Ganso vive uma temporada constante
no campo, ficando longe de lesões. Ele é o terceiro jogador que mais
vezes vestiu a camisa do São Paulo na temporada: 55. Apenas Aloísio, com
59, e Rogério Ceni, com 57, estão acima. Antes de ser suspenso pelo
terceiro cartão amarelo e ficar fora contra o Corinthians, emplacou uma
série de 16 partidas consecutivas, a maior desde que foi contratado.
Mas ainda há um quesito que causa calafrios no treinador são-paulino:
os poucos gols marcados por Ganso. Diante do Náutico, fez o primeiro
dele no Campeonato Brasileiro, uma pintura ao passar por três marcadores
e tocar com estilo no canto de Ricardo Berna. Foi também apenas o
quarto na temporada e em sua trajetória no clube do Morumbi.
Paulo Henrique perde até para jogadores que atuam longe do ataque, como
o zagueiro Antônio Carlos (três no Brasileirão), além do
lateral-esquerdo Reinaldo e do volante Rodrigo Caio (ambos com dois).
- Ele entrou na área e fez gol, o que ele não gosta muito. Parece que o gol para ele é um tormento, dói – disse Muricy.
Com Luis Fabiano em baixa e Rogério Ceni questionado pelos pênaltis
perdidos, Ganso desponta como a principal arma do São Paulo para
espantar o fantasma de ser rebaixado pela primeira vez na história do
torneio. São mais nove jogos decisivos para acabar com a crise e, quem
sabe, voltar a ter uma chance na seleção brasileira.
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